sexta-feira, 23 de abril de 2010

O tratamento - primeira parte

Decisão tomada, detalhes acertados recebi um e-mail do Dr Georges com o nosso plano de tratamento. Começaria imediatamente com ácido fólico, vitaminas. Meu marido e eu.
No dia 30/04 - comecarei com o medicamento Lupron. mais pra frente o Gonal e assim vai.
De posse do planejamento tratei tambem de procurar a medicação. além das vitaminas que compramos em farmácias. A medicação era 1 kit de Lupron, gonal 300 Ui e ovidrel.
Depois que recebi o e-mail minha cabeça deu uma reviravolta. Não parei mais de pensar nisso. Chorava sozinha às vezes, do nada, no caminho para o trabalho, às vezes em casa escrevendo esse diário ou em qualquer outra hora do dia ou da noite. Sonhei ateé com gêmeos, acredita?
Eu não sei o que eu farei diante de uma resposta negativa a esse tratamento. Vai ser muito difícil de lidar com isso, mas eu preciso me preparar. E essa angústia, de não saber o que vamos enfrentar pela frente que anda me consumindo.
Me preocupo muito com o meu marido também. Sempre otimista, acha que vai dar tudo certo, começou até fazer as contas de uma provável data para o nascimento do bebê...
Tenho medo tambem de como ele vai reagir... Tenho medo de tudo gente... que angústia...
O jeito é tocar o barco. Hoje comecamos com as vitaminas e ácido fólico. Marcamos de comaprecer na clínica no dia 30/04 quando iniciarei com o Lupron. Comprei os medicamentos e vou recebê-los amanhã. Que Deus nos ajude!

A decisão em partir para FIV/ICSI

A nossa consulta com o Dr Georges foi em um sábado. Nesse mesmo dia, logo após a consulta, viajamos para Campos do Jordão pois era aniversário de uma grande amiga. Foi até bom para ajudar a gente a não pensar somente ñas decisões que teríamos que tomar. Para o meu marido estava tudo certo: partiríamos para a FIV/ICSI. Mas para mim, apesar de achar que seria a melhor solução resolvi pensar mais naquele final de semana. Pesquisei muito em sites, livros e li entrevistas com médicos e concluí que, até poderia tentar uma outra técnica mas as probabilidades seriam menores. Meu marido poderia procurar um andrologista, eu poderia fazer uma videolaparoscopia mas isso nao seria certeza de nada e descobri por outros médicos tambem que as chances de melhora seria poucas e nem tão significativas. Fiquei pensando se valeria o esforço. Pensei na minha idade, 34 anos. Logo completaria 35 e a medida que o tempo passa as chances de sucesso tambem passa, diminui.
Resolvemos então partir para a FIV/ICSI.
Embora o Dr Georges dizer que a Vera que trabalha na clínica faria contato conosco, principalmente porque não sabíamos quanto seria o nosso investimento, resolvi ligar primeiro.
Liguei logo pela manhã e conversei com ela que foi muito atenciosa. Ela me contou que teria uma reunião com o Dr a tarde e que retornaria em seguida.
Não quis procurar outro médico. Senti que seria ele. Não arrependo da nossa decisão. Mesmo que o resultado não seja o que esperamos ( vira essa boca pra lá!). Acredito que fizemos a coisa certa.
Frio na barriga, expectativas, um monte de coisa na cabeça... mas feliz tambem pois, pela primeira vez, teria uma possibilidade real de conseguir o nosso sonho.

Dr George Fassolas

Cheguei ao nome do Dr Georges Fassolas. Um ginecologista especialista em reprodução humana e diretor da clínica Vivitá em SP e Campinas. Tive ótimas referências dele, entrei no site e achei muito bom. Me pareceu ser a pessoa certa. Falarei mais dele durante o meu diário.Resolvi ligar para marcar uma consulta. Consegui ser atendida em um sábado e lá fui eu novamente com a minha pasta de exames, um monte de perguntas e esperanças na cabeça.
Nos simpatizamos com o médico logo de cara. Isso foi bom. ele olhou atentamente todos os exames, nos fez um monte de perguntas. Explicou sobre tuudo pra gente e respondeu a todas as nossas perguntas.
Foi nesse dia que descobri o que eu ainda não sabia: O espermograma do meu marido, que o último que havia feito na Fundação apontava um problema: a morfologia dos espermatozóides - apenas 1% . Pouquinho... me assustou porque eu até então não sabia que isso seria tão sério como diminuir consideravelmente as chances de uma gravidez natural ( praticamente impossível) e tambem outros tratamentos, que a princípio foi o que me indicaram, como o coito programado não seria eficiente.
Além da morfologia, a Histerossapingografia apontou que as minhas trompas são fixas. Nas radiografias elas sempre aparecem arqueadas para o alto. dificultando tambem a probabilidade de 'pegar' um óvulo que o ovário liberasse. Teria que haver duas coisas: um óvulo chegar até as trompas e um espermatozóide daqueles 1% conseguir chegar até o óvulo e penetrar nele.
Conclusão: uma probabilidade muito pequena. Nada que em alguns meses eu conseguiria. O problema não era indução, pois em relação aos meus ovários e ao útero não havia problema algum. tudo bonitinho e com uma excelente reserva óvariana. Essa era a nossa boa notícia.
O diagnóstico do médico então foi partirmos para uma ICSI.
confesso que fiquei um pouco abalada. Pois, para chegar a esse ponto é porque a situação era complicada mesmo. É difícil descrever o que senti naquele momento. É uma mistura de tudo.: alívio por ter uma resposta para o nosso problema, alívio por saber que, apesar de haver um problema tambem haveria uma solução e´medo do que enfrentaríamos pela frente. Mas teríamos que chegar a uma decisão.
Gostamos muito do médico. Foi o primeiro que nos deu tanta atenção e aconteceu aquilo que já mencionei anteriormente: sintonia entre médico e paciente e confiança.

Novamente na estaca Zero!!

no dia seguinte a consulta da fundação até tentei ligar para marcar uma nova consulta com o Dr Maurício. Mas diante da dificuldade em conseguir uma ligação resolvi pesquisar na internet sobre clínicas de reprodução humana.
Cheguei a vários nomes e procurei refereências de todos eles. Entrava no site, entrava em forum de discussões sobre gravidez, lia sobre tudo que encontrava sobre os médicos, as clínicas, etc. Sempre achei que seria um valor altíssimo mas, diante da minha situação, não haveria o que fazer. Achei que poderia facilitar as coisas, sei que é um tratamento que exige muito da gente. Toma o nosso tempo e para não prejudicar tanto o meu trabalho e do meu marido optei no início por algo que achava mais tranquilo, mais perto de casa... Mas no final concluí que, para não prejudicar o meu trabalho eu estava prejudicando a mim mesma. Foi quando concluí que deveria dar prioridade a minha gravidez, ao nosso sonho e resolvi seguir em frente.

FUNDAÇÃO ABC

Pesquisando na internet sobre a Fundação ABC concluí que seria uma boa oportunidade. Aqui na regiãodo ABC não existe muitas opções em clinicas de reprodução e achei que a fundação, devido a proximidade, seria mais fácil de tocar o tratamento.
Sempre encontrei boas referências na internet, depoimentos de quem trata ou já tratou por lá e me animei. Liguei ( dificil de conseguir a ligação) me inscrevi para a palestra, levei a minha vida (exames) a tiracolo e saí de lá umas 2 horas depois com mais alguns exames para fazer. Inclusive o espermograma, o qual deveria ser feito obrigatoriamente lá.
A histerossalpingografia não precisei fazer novamente ( ufa) , mas havia outro exame que ainda nao havia feito: a histeroscopia diagnostica.
Como a guia que me deram não foi aceita no convênio ( o carimbo com o nome da médica estava ilegível) Marquei a primeira consulta, mesmo sem esse exame e quem me atendeu foi o Dr Maurício. Não tenho muito o que falar dele. Me pareceu um bom médico. Olhou todos os meus exames e disse que estava tudo ok, nao havia maiores problemas e que apenas um tratamento de indução, coito programado ou no máximo uma IA resolveria. Fiquei otimista pelo menos. Mas ele falou que precisava fazer a histero e que deveria retornar depois com o resultado e somente apos dariamos inicio ao tratamento. Ele sugeriu para fazer o exame lá mesmo e eu resolvi marcar. Dias depois estava eu novamente na Fundação, o exame marcado para as 12 horas. Meu marido e eu saímos mais cedo do trabalho e chegando lá descobri que, além de mim mais 12 pessoas estavam com o exame marcado para o mesmo dia e mesma hora.
Eu fui a 7ª da fila. Porém o atendimento só começou as 13:30. Por volta das 15 horas fui atendida. Estava tensa no exame. Depois da Histerossalpingografia fiquei abalada...rsss
Mas a princípio estava correndo tudo bem. Quando a médica falou que estava dificil de penetrar o endométrio, tentava novamente, tentava novamente... e eu lá tentando adivinhar o que estava acontecendo porque ninguem me dizia nada ( o primeiro erro grave do dia, na minha opinião).
Depois ouvi que encontraram um pólipo e que deveria fazer uma biópsia. Eu pensei, nossa porque será? Um outro médico, supostamente um aprendiz pois a médica mesmo estava orientando ele e mais umas 3 pessoas ( me senti uma cobaia, segundo erro grave, na minha opinião, não podem fazer o paciente se sentir assim). Foi então que o meu tormento começou. A biópsia consistia em raspar uma parte do endométrio. Nossa... senti muita dor, cólicas , cólicas e dores... não sei descrever. Foi rápido eu acho... 1 min? 2? não sei... mas nao deve ter demorado mas a dor foi imensa. Terminado aquilo. Tive que me levantar sozinha, o 'aprendiz' depois me ajudou a sair daquela mesa, maca, sei lá como chama ( homens constumam ser sempre mais gentis...) e me falou que iria sangrar um pouquinho...
Saí de lá com uma vontade imensa de chorar. Mas nao queria por causa do meu marido. Mas não consegui esconder a minha cara de triste, desolada, como quem se pergunta: "porque eu tenho que passar por isso?".
Fiquei esperando o resultado. Pediram o meu telefone para o resultado da biópsia. Perguntei sobre um protocolo, algum papel para pegar o resultado do exame e me disseram que nao havia nenhum papel. Perguntei como faria para receber o resultado e me disseram que não sabiam. Costumava demorar 45 dias mas que, atualmente demorava mais. Teria que buscar o resultado no Hospital Mário Covas. Mas não sabia quando. Estamos em abril - faz quase 2 meses que fiz o exame e até agora nao recebi nenhum telefonema e não espero por ele. Acho que o resultado não saberei nunca.
Pedi um atestado, afinal perdi toda a tarde lá e precisava justificar no trabalho. Além disso estava com dores e sangrando. Muito desagradável retornar ao trabalho daquele jeito. A enfermeira falou o seguinte: "virou festa agora" (outro erro grave). Fiz de conta que não ouvi.
Marquei então, independente do resultado da biópsia, a consulta com o Dr Maurício. Ficou marcado para o dia 10/03 - acho as 09 horas.
Compareci no dia e horario marcado e, para a minha surpresa descobri que a consulta não era com ele e sim com uma tal de Dra Luciana e não era as 9 e sim as 8 horas!! ( outro erro)
Pelo menos acertei o dia! Como já estava lá... por lá fiquei. A médica chegou por volta das 09:30, chamou uma paciente e, 2 min depois a medica saiu da sala, volta logo em seguida e da porta fala assim para a paciente: "pode colocar a calça que eu vou ter que voltar lá... é que tem horário" . Saiu e não voltou mais. Pelo menos até a hora que desisti e fui embora.
Achei isso um absurdo. Tem hora pra tudo menos para atender os pacientes que estão lá. Acho que um mínimo de satisfação deveria acontecer. Um mínimo de respeito... sei lá. Posso estar parecendo um pouco injusta ou qualquer outra coisa, mas definitivamente aquilo não foi um tratamento decente. Entendo que, quando a demanda é muito acima da capacidade a qualidade na pretação do serviço é comprometida. Um clássico na administração de serviços. Por essa razão, eu prefiro que atendam poucas pessoas, ainda que isso cause uma fila de espera, do que atender todo mundo e ao mesmo tempo nao atender ninguem, nao tratar ninguem...
Não existe muita atenção com o paciente. Novamente vem aquele negócio de afinidade, cumplicidade, confiança, sinergia com o paciente. Se não haver isso... esqueçe. Não vai ter jeito. Eu resolvi desistir da Fundação naquele dia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Peregrinação - 2

Encontrei um médico no mesmo prédio onde trabalho. Lá vai eu com a minha coleção de exames. Ele olhou tudo, não disse que havia nada de errado com eles. Me explicou algumas coisas, pediu mais alguns exames ( alguns ainda não havia feito), receitou Glifage, disse que eu tinha resistencia a insulina, uma provável causa pois isso inibia a ovulação. Disse para tomar AC Diane 35 e depois retornaria com o Clomid e.. se não adiantesse ele sugeriu procurar uma clínica especializada em reprodução humana.
Conversando com o meu marido, decidimos que deveríamos logo procurar uma clínica. Foi quando cheguei na Fundação ABC.

O primeiro "Tratamento"

Feitos os exames retornamos a médica. Com um novo espermograma, o resultado estava um pouco melhor, a médica disse que apesar de uma quantidade um pouco abaixo era o suficienta para engravidar. Com relação a Histero, tambem tudo normal. Pensei...ufa, não é tão grave assim. Ela então começou o que chamamos de Coito Programado. Que consiste em tomar indutor de ovulação ( clomifeno - Clomid) do 3 ao 5 dia do ciclo e 100 mg por dia. Depois, no 11º dia, uma ultra para verificar o crescimento de um provável folículo. Fiz tudo certinho, na US o bendito médico não colocou no resultado nada sobre o folículo, tamanho, etc. Fiquei P... da vida. Só que fiquei muito mais quando eu liguei para o cel da médica ( o combinado foi esse) e não consegui.
Cx postal, cx postal... pensei, não adiantou de nada. Fiquei muito chateada. Para essas coisas tem que haver sinergia entre médico e paciente. Tem que haver cumplicidade, confiança... senão não funciona. Não funcionou dessa vez. Até continuei como Clomid por mais 2 ciclos. Comecei a fazer contas, para ver mais ou menos a época da ovulação... mas nada.
Adivinha, resolvi procurar outro médico.

A Peregrinação 1

Perdi a conta de quantos médicos eu procurei. Fui a vários. A maioria nem olhou para os meus exames. Outros pediam outros além daqueles. Uma médica, a primeira que consultei, após olhar o espermograma do meu marido disse que daquele jeito seria muito difícil de engravidar. Foi um, "baque" ouvir aquilo logo de cara, fiquei chocada. O segundo, nao olhou os meus exames e pediu outro. Não fiz. Fui a outro, que tambem me pediu mais exames e mal abriu a boca para falar alguma coisa... Nisso havia se passado 2 anos... e nada!
Até que encontrei uma médica que gostei dela ( finalmente). Me pediu um monte de exames, muitos deles já havia feito anteriormente mas refiz. Dentre eles a terrível Histerossalpingografia. Quem já fez sabe o que estou falando... terrível!!! Quase morri naquele dia. Esse exame é uma espécie de radiografia com contraste. O útero é pulsado e colocado uma 'sonda' por onde entra o contraste. E com isso é feito as radiografias para verificar a permeabilidade das trompas.
Um exame que disseram que é rápido mas que para mim foi uma eternidade. Chorei muito, de dor, não aguantava e pedia por favor para parar... uma dor horrível que nunca senti coisa igual.

O começo de tudo

Esse espaço funciona mais como um desabafo. Uma forma de "botar para fora" tudo o que me aflige nesse momento e em segundo, poder compartilhar com as pessoas sobre essa busca que parece nao ter fim.
Para muitos a gravidez e maternidade é apenas uma consequência. Para mim virou um sonho, uma batalha que pretendo vencer. Foi um longo caminho até aqui. Até agora em silêncio ...
Não é facil compartilhar dessa angústia com outras pessoas. O tempo passa e as pessoas começam a perguntar: "e o bebê, pra quando vem?". É muito chato para mim ficar respondendo a mesma pergunta a toda hora. Se eu contasse sobre a nossa dificuldade para engravidar as perguntas aumentariam mais ainda. Sinceramente nunca fui de contar muito sobre mim e tambem nunca gostei de falar sobre isso com a família. Ninguem sabe sobre esse nosso "problema". Nunca comentei sobre nossos tratamentos. Prefiro assim.
Mas agora, diante de uma expectativa que poderá acabar com um final feliz me assusta. Justamente porque significa que apenas poderá ter um final feliz. E só de pensar que o que estamos passando agora seja somente um capítulo de uma looooga história... me assuta.